Dr. Sergio W. Baumel

CRM/ES: 6116 | CRP-16: 4263

Neurologista e Psicólogo

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Sigil Baumel

Hipnose

O termo "hipnose" traz emoções e reações diversas. O tema da hipnose é um tema geralmente controverso, suscitando muitas vezes paixões e desafetos, discussões e decepções. A história da hipnose é recheada de reviravoltas, com fases de prestígio inigualável alternando-se com períodos de desprezo ou até de execração e repúdio. Apesar disso, os fenômenos que hoje chamamos de “hipnóticos” sempre existiram, e vão continuar existindo, não importando se os nomeamos ou não, nem se os utilizamos em terapia ou não.

Sigmund Freud No meio psicanalítico, por exemplo, a hipnose é citada como algo que Freud estudou e utilizou, porém acabou rejeitando e descartando. Isso levou a hipnose a ser também sumariamente descartada, sem muitos questionamentos, pelos psicanalistas e também por outros profissionais que se interessavam pelo tratamento dos transtornos psicológicos. O próprio Freud adimitia,no entanto, que a sua inabilidade na prática da hipnose foi um importante fator para o abandono da técnica. Podemos perceber isso nas próprias palavras do autor (falando de si mesmo em terceira pessoa), em "Uma breve descrição da Psicanálise", de 1924:

"As novidades técnicas que introduziu e as descobertas que efetuou transformaram o método catártico em psicanálise. O passo mais momentoso foi sem dúvida sua determinação de passar sem a assistência da hipnose em seu procedimento técnico. Procedeu assim por duas razões: em primeiro lugar porque, apesar de um curso de instrução com Bernheim em Nancy, ele não conseguia induzir a hipnose em um número suficiente de casos, e, em segundo, porque estava insatisfeito com os resultados terapêuticos da catarse baseada na hipnose."

Alguns profissionais e estudiosos continuaram investigando a natureza da hipnose e suas possíveis aplicações na psicoterapia. A prática clínica tem mostrado que o conceito da impermanência dos resultados não corresponde à realidade, sendo hoje amplamente reconhecida a capacidade da hipnoterapia de trazer alívio duradouro e permanente para vários tipos de transtornos psicológicos. As técnicas hipnóticas podem ser utilizadas como auxiliares no contexto de várias formas de psicoterapia (incluindo a psicanálise), com ressultados excelentes. A hipnose torna as terapias mais eficazes e mais eficientes.

Além da psicoterapia, a hipnose também pode ser utilizada como coadjuvante em outras instâncias da área de saúde, como a Medicina, a Odontologia, a Enfermagem, a Fisioterapia, entre outras. Também tem sua aplicação em áreas como os Esportes, as Artes e a Educação. A gama de posśíveis utilizações é muito grande, ainda que esse potencial ainda seja grandemente subutilizado. Isso se deve, em grande parte, por conta de diversos mitos e ideias errôneas sobre a hipnose.

Mitos e preconceitos

A hipnose é cercada de muitos mitos e conceitos errôneos. Além da posição de Freud, outros fatores importantes contribuem para que esses preconceitos continuem persistindo. Talvez uma das instâncias que mais prejudicam o conhecimento e uso adequado da hipnose seja a prática da denominada "hipnose de palco" (ou "de rua"),Hipnose de palco em que técnicas hipnóticas são usadas com o intuito explícito de entretenimento, como num espetáculo de mágica. Para isso, os hipnotizadores de palco direcionam o público a acreditar num (falso) "poder do hipnotizador", deixando implícito que o hipnotizador teria uma capacidade de dominar as outras pessoas, mesmo contra a sua vontade. Esse preconceito é uma distorção completa do que é a hipnose: o verdadeiro poder de entrar em estado hipnótico (também chamado de "transe") está inteiramente na pessoa que está sendo hipnotizada. Hoje sabemos que toda hipnose é, na verdade, uma auto-hipnose! A estudarmos e praticarmos a hipnose, constatamos que as pessoas que as pessoas com maior facilidade de entrar nesse estado são as com maior poder de percepção e consciência de si mesmos. Em outras palavras, a hipnose não é uma "coisa de gente de mente fraca", é algo que acontece mais facilmente com "gente de mente forte"!

Outro preconceito bastante difundido sobre a hipnose é o de que, quando em estado hipnótico, a pessoa ficaria sem consciência, num estado de sono ou de sonambulismo. Apesar de haver, sim, uma dissociação entre o consciente e o inconsciente, o transe hipnótico quase sempre acontece em um estado de consciência plena. Também não é verdade que uma pessoa pode ficar "preso" no transe hipnótico e "não conseguir voltar" de uma regressão, por exemplo. E certamente não têm fundamento as alegações, às vezes encontradas em algumas instituições religiosas, de que a hipnose seja característica de determinadas religiões ou que seja "coisa do Tinhoso". A hipnose vem sendo cada vez mais estudada pela ciência, e hoje sabemos que o estado hipnótico é um estado fisiológico de nosso cérebro e da nossa mente. A Associação Americana de Psicologia a define como “Um estado de consciência que envolve atenção focalizada e percepção periférica reduzida, caracterizado por uma capacidade aprimorada de resposta à sugestão”.

Milton H. Erickson, MD (1901 - 1980)

Milton H. Erickson, MD

Milton H. Erickson foi um médico psiquiatra americano que dedicou-se ao estudo e à prática da hipnose, sendo considerado a figura mais importante nesse campo de conhecimento, em todos os tempos. Suas ideias e sua prática revolucionaram o entendimento e o uso da hipnose em todo o mundo. Hoje costumamos dividir a hipnose nas linhas "clássica" e "ericksoniana", embora muitos dos conceitos desenvolvidos por Erickson sejam utilizados pelas pessoas que dizem usar a "hipnose clássica".

Erickson percebeu que o estado hipnótico não era um fenômeno incomum, que só aconteceria no contexto específico e formal da hipnose. Pelo contrário, todos nós entramos em estado hipnótico várias vezes em cada dia de nossas vidas, sem nos percebermos disso. Um exemplo comum é o estado de atenção concentrada em que ficamos ao assistir a um bom filme: permanecemos alertas e conscientes, porém tendemos a desprezar o que acontece fora da tela, vivenciando aquela sequência de evntos como se fossem parte de nossas vidas reais. Sabemos que não passam de imagens ilusórias, nem mesmo são imagens em movimento, mas uma sequência de imagens estáticas passando a uma velocidade tal que nos dão a ilusão de movimento. Sabemos que são atores, atrizes, cenários e efeitos especiais, mas momentaneamente suspendemos nosso julgamento crítico, para podermos aproveitar de modo satisfatório a experiência.

Outra ideia defendida por Erickson é a de que, como as pessoas são todas diferentes entre si, também a maneira de ajudá-las a entrar em estado hipnótico deve ser diferente de pessoa a pessoa. Do mesmo modo, a psicoterapia também não pode funcionar do mesmo jeito para todas as pessoas, devendo ser individualizada e personalizada. Como princípio fundamental das ideias de Milton Erickson e da psicoterapia ericksoniana está a crença fundamental na capacidade humana de encontrar soluções para as dificuldades que a vida apresenta. Erickson acreditava, com base nas experiências de seus clientes, que a nossa mente inconsciente possui uma sabedoria imensa! Dessa maneira, a tarefa da terapia seria apenas a de quebrar as estruturas que estejam impedindo essa sabedoria de se manifestar com eficácia para encontrar soluções mais saudáveis do que as que aquela pessoa teria encontrado até então.

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